Um mundo sem SIDA começa "hoje"


"Hoje é o primeiro passo para a cura do vírus da SIDA", disse a virologista francesa Françoise Barre-Sinoussi, também Nobel da Medicina em 2008, como parte integrante da equipa que descobriu o vírus da imunodeficiência humana (HIV).

A especialista avançou que a cura para esta epidemia está à vista, antecipando a 19ª Conferência Anual sobre Sida, que decorre em Washington ao longo do fim-de-semana, onde dará conta das últimas descobertas relacionadas com a SIDA e se esperam mais de 25 mil pessoas, incluindo celebridades e investigadores de renome.
A também directora da Unidade de Regulação das Infecções Retrovirais do Instituto Pasteur, em Paris, terá ainda relembrado o caso de um paciente norte-americano, Timothy Ray Brown, tratado em Berlim (Alemanha) e que foi o primeiro a ficar aparentemente livre do vírus da SIDA, através de uma terapia médica e após um transplante de medula. O caso foi tratado pelo hematologista alemão Gero Hütter, do Hospital Universitário Charité de Berlim. (Leia mais no Ciência Hoje)

Embora os tratamento anti-retrovirais, já descobertos nos anos 90, permitam controlar o vírus e preservar a saúde dos contaminados, ainda não possibilita erradicar a patologia. No entanto, para Françoise Barre-Sinoussi, é possível eliminar a doença até 2050, desde que se escoe a distribuição de medicamentos e todos os infectados tenham acesso ao tratamento. Está bastante optimista, segundo citou um diário francês, já que menos de 0,3 por cento não apresentam sintomas da doença mesmo sem nunca receber tratamento, e um pequeno grupo na França, que recebeu anti-retrovirais, vive sem tratamento ou sintomas.

Nova estratégia

Françoise Barre-Sinoussi (Imagem: Prolineserver)
Françoise Barre-Sinoussi (Imagem: Prolineserver)
Sociedade Internacional para a Sida defende que existe uma nova estratégia que visa curar a infecção provocada pelo HIV. Entretanto, a investigação para uma vacina está a decorrer em paralelo. Os primeiros testes clínicos foram realizados na Tailândia e mostraram alguma eficácia, embora ainda modesta. A estratégia passa por mobilizar o mundo científico, poderes públicos, o sector privado e doadores no mundo inteiro, para assim acelerar esforços na investigação.

A virologista francesa é ainda co-presidente do Grupo de Trabalho Internacional para a Cura do HIV, que dará a conhecer a proposta de várias etapas até a cura, aquando da conferência. A investigadora defende que o objectivo não será copiar o tratamento levado a cabo por Gero Hütter, mas encontrar uma solução semelhante de uma forma mais barata e fácil de replicar.

Françoise Barre-Sinoussi foi laureada com o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2008, juntamente com Luc Montagnier e Harald zur Hausen. Esta investigadora e Luc Montagnier dividiram o galardão pela descoberta do vírus da imunodeficiência humana (VIH-HIV).

Actualmente, mais de 34 milhões de pessoas no mundo vivem com HIV e este é um número superior jamais atingido e maior do que os 30 milhões que morreram com a doença, desde que emergiu nos anos 80, segundo a Agência das Nações Unidas da Luta contra SIDA (UNAIDS) e que acrescenta que as mortes decorrentes da doença no mundo todo caíram cerca de 1,8 milhão em 2010 para 1,7 milhão no ano passado.
fonte: cienciahoje 21/07/2012

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