Cientistas descobrem ponto de fraqueza no vírus da SIDA

Investigadores europeus identificam zona de ligação entre proteína essencial no Vírus da Imunodeficiência Humana e anticorpo com capacidade de neutralizar ação do vírus. Um avanço que pode ser crucial para desenvolvimento de uma vacina contra a SIDA.

As terapias antirretrovirais são hoje utilizadas com sucesso para controlar as infeções pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) em milhões de pessoas em todo o mundo, mas persistem problemas relacionados com a mesma, como os altos custos da terapia e a incapacidade de destruir o vírus, deixando-o apenas adormecido. 

A “luta” da ciência pelo desenvolvimento de uma vacina eficaz contra o vírus da SIDA persiste há décadas, mas até agora sem sucesso, dado que o VIH tem uma grande capacidade de fugir da ação do sistema imunitário humano. 

Uma das mais importantes linhas de investigação no desenvolvimento de vacinas contra o VIH decorre ao nível da identificação e indução de anticorpos que consigam neutralizar a ação do vírus e agora uma equipa de investigadores europeus apresenta um grande avanço neste sentido. 

Na revista científica The Journal of Biology Chemistry, investigadores da Universidade de Granada, em Espanha, anunciam que descobriram um mecanismo na relação entre a proteína gp41 - essencial na formação da bainha do VIH – e um anticorpo (2F5) que é fundamental para neutralizar o vírus. 

Os investigadores indicam que descobriram que existe uma interação alostérica entre a proteína gp41 e o anticorpo 2F5, ou seja, que existe um mecanismo em que as enzimas podem ser ativadas ou desativadas. 

A proteína gp41 é aqui essencial porque desempenha um importante papel para o vírus invadir os linfócitos T (células do sistema imunitário) e para promover a fusão entre as membranas das células e as do vírus, permitindo que o VIH prolifere no organismo. 

O que os cientistas descobriram é que o anticorpo 2F5 reconhece um epítodo na proteína gp41. O epítodo é um local de ligação específico que pode ser reconhecido por um anticorpo e dessa forma ativar uma resposta do sistema imunitário. 

Assim, o anticorpo 2F5 ao ligar-se à proteína através deste epítodo tem a capacidade de bloquear a fusão entre as membranas do vírus e das células e desta forma proteger as células de serem infetadas. 

Francisco Conejero Lara, investigador da Universidade de Granada e principal autor do artigo, explica, citado em comunicado da Universidade, que «um dos principais objetivos da atual investigação em vacinas para o VIH consiste em induzir anticorpos neutralizantes semelhantes à via de imunização 2F5 usando uma vacina apropriada».

Por isso, acrescenta o investigador «os estudos sobre como o 2F5 reconhece o seu epítopo na gp41 são fundamentais, já que podem fornecer a forma de como desenhar vacinas efetivas».
fonte: tv ciencia 17.03.2014

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