Crise "trava" divórcios em Portugal

Desemprego, subida de impostos e perda de poder de compra obrigam casais a partilhar tecto mesmo quando o casamento acabou, segundo docente da Universidade Portucalense. A duração dos casamentos parece estar a aumentar em Portugal, mas pelas piores razões: a crise tem vindo a provocar uma diminuição do número de divórcios.
 

Do desemprego (15,3% no quarto trimestre de 2014) à subida dos impostos, passando pelas perdas salariais, estas repercussões da crise social e económica foram responsáveis pela diminuição da taxa bruta de divorcialidade para 2,4%, entre 2008 e 2012, segundo José Augusto Silva Lopes, docente do Departamento de Direito da Universidade Portucalense. 

“Muitos casais retardam o divórcio para poderem fazer frente às dificuldades financeiras. Sem dinheiro para enfrentar o próprio processo de divórcio e, muitas vezes, para pagar as próprias despesas diárias, os casais optam por morar debaixo do mesmo tecto”, sustenta o autor do estudo. Por causa do decréscimo no número de divórcios, a duração média do casamento aumentou de 14,3 para 15,7 anos, ainda segundo o docente, para quem “fazer as contas em tempo de crise é obter só um resultado: não fazer as malas”. 

Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) comprovam a diminuição do número de divórcios, mas também do número de casamentos. Neste caso, a opção por não casar tanto pode ficar-se a dever à crise como à crescente opção pela união de facto. Em números, temos assim que em 2012 houve 34.099 casamentos e 25.362 divórcios. No ano anterior, tinha havido 35.711 casamentos e 26.746 divórcios. Em 2010, há registo de 39.727 casamentos e 27.556 divórcios. Já em 2009 tinha havido 40.391 casamentos e 26.176 divórcios. Em 2008, primeiro ano da crise, houve 43.228 casamentos e 26.110 divórcios. Contas feitas pelo INE, em 2012 houve 2,4 divórcios por 1000 habitantes, contra os 2,6 de 2010 e os 2,5 dos restantes três anos do período analisado. in publico 15.04.2014

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